O Grupo de Estudos sobre Aquisição da Linguagem Escrita (GEALE) é constituído por pesquisadores que estudam a produção escrita do ponto de vista de sua aquisição e de seu ensino. Está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O GEALE surgiu em 2001 a partir do desenvolvimento do projeto de pesquisa "Aquisição e Desenvolvimento da Escrita: ortografia e acentuação" que resultou na criação do Banco de Textos de Aquisição da Linguagem Escrita (BATALE), constituído por produções escritas de crianças brasileiras e portuguesas que cursam as séries iniciais do Ensino Fundamental, além de textos produzidos por alunos de educação de jovens e adultos, o EJA. O BATALE, da maneira como foi concebido, permite que sejam desenvolvidas investigações que envolvam aspectos estruturais – fonológicos, morfológicos e sintáticos – assim como aqueles relativos ao texto e ao discurso.
As pesquisas do GEALE procuram abordar, de um lado, as relações entre o conhecimento linguístico da criança e sua escrita inicial, bem como entre os erros extraídos das produções textuais e as complexidades inerentes ao sistema ortográfico; e, de outro, as relações entre aprendizagem e ensino, além de produzir reflexões sobre a formação teórica de professores. As áreas de investigação privilegiadas nos estudos são: Aquisição da Linguagem; Fonologia e Ortografia; Morfologia e Ortografia; Alfabetização e Letramento; Formação de Professores e Prática Pedagógica.

Os temas das pesquisas do GEALE podem ser sistematizados como segue:

1. descrição do processo de aquisição e de desenvolvimento da escrita em crianças da educação básica;

2. análise de processos individuais e de tendências gerais encontradas durante o desenvolvimento da escrita;

3. comparação de aspectos de aquisição da fala com dados de escrita inicial;

4. formulação de propostas para o aprimoramento do ensino de língua materna;

5. discussão referente à repercussão da formação teórica nas práticas de ensino de linguagem e no desenvolvimento profissional do professor.

Nos últimos cinco anos, o GEALE acolheu um amplo projeto de pesquisa no âmbito do Observatório da Educação/CAPES, intitulado “Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: formação de professores e melhoria dos índices de leitura e escrita no ciclo de alfabetização (1º ao 3º ano do ensino fundamental)”, identificado pela sigla (Obeduc-Pacto/UFPel). O objetivo do projeto foi o de acompanhar o processo de formação continuada das professoras vinculadas às ações do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa no âmbito da Universidade Federal de Pelotas (PNAIC-UFPel), a fim de verificar efeitos sobre os índices de leitura e escrita das crianças e das práticas de formação. Um dos resultados desse projeto, por sua vez, foi a criação do Banco de Textos de Professoras (BTP), constituído por produções escritas (textos, relatórios de atividades, planejamentos, entre outros) elaboradas por professoras da educação básica, participantes do PNAIC-UFPel. Recentemente, o BTP está incorporando também produções das estudantes do curso de Pedagogia da UFPel que realizam o estágio curricular nos anos iniciais.

As pesquisas que têm como base as produções que compõem o BTP investigam as relações entre formação intelectual (domínio conceitual e articulação teórico-prática) e prática pedagógica (o ensino reflexivo) e os processos de desenvolvimento profissional. Um dos pressupostos que sustentam as pesquisas realizadas está na compreensão de que a formação das professoras alfabetizadoras requer uma sólida e consistente formação intelectual, que prima pelo domínio conceitual e a compreensão sobre a natureza dos fenômenos e processos de produção do conhecimento sobre escrita e leitura e o seu ensino. O desenvolvimento profissional docente acontece em e decorre de encontros produzidos no interior de uma determinada prática, o que remete à imagem da docência como uma profissão de ação, porque se constitui no cotidiano da sala de aula, da escola ou da universidade, e como uma profissão intelectual, que implica formação teórica e liberdade de pensamento.